Para se ter uma ideia, o setor é responsável por 38% das emissões globais de dióxido de carbono (CO2), segundo relatório da ONU. O estudo aponta que é preciso reduzir a demanda de energia no ambiente construído, descarbonizar o setor energético e implementar estratégias de materiais que reduzam as emissões de carbono do ciclo de vida.
Este processo de adequação passa pelo fortalecimento do ESG nas empresas da cadeia produtiva. Trata-se de uma abreviação do inglês Environment, Social e Governance, que pode ser traduzido como Meio Ambiente, Desenvolvimento Social e Governança. São eixos reconhecidos pela necessidade de trazer mais sustentabilidade e preocupação social aos negócios.
Acompanhe este artigo até o fim e entenda como aplicar a sustentabilidade na prática. Vamos começar com 10 exemplos:
1. Seleção do terreno
A sustentabilidade na construção civil inicia na seleção do terreno. O ideal é priorizar a construção em áreas já desenvolvidas ou em espaços que possam ser recuperados, com atenção aos corpos hídricos e habitat naturais.
- Locais conectados ao seu entorno minimizam a necessidade do uso de automóvel
- Terrenos que já possuem rede de tratamento de esgoto e abastecimento de água devem ter preferência
- Priorize a construção de habitações próximas a espaços abertos
2. Paisagismo sustentável
Priorize espécies pertencentes ao ecossistema local, que demandam menor volume de irrigação e manutenção com fertilizantes químicos e pesticidas. Isto preserva a biodiversidade e o equilíbrio ecológico, evitando ações como a erosão e sedimentação do solo.
3. Gestão da água
O uso racional da água garante menor custo de operação e reduz o volume de esgoto gerado. É preciso contemplar técnicas de captação pluvial e tratamento das chamadas águas cinzas.
- Invista em projetos que minimizem a construção de superfícies impermeáveis e aumentem a infiltração das águas da chuva no solo
- Utilize produtos hidrossanitários eficientes (torneiras de acionamento restrito; mecanismos de descarga seletiva)
- Promova o uso de fontes alternativas não potáveis
Bom exemplo: o processo industrial de edifícios desenvolvido pela Rôgga Empreendimentos aposta nas inovações em sustentabilidade aplicadas ao processo construtivo. A produção do concreto em fábrica permitiu o reaproveitamento de 350 mil litros de água apenas em 2019. Também reduziu em 80% o uso da madeira de obra.
O modelo foi contemplado com o primeiro lugar no 23º Prêmio CBIC de Inovação e Sustentabilidade (categoria Sistemas Construtivos).
4. Energia limpa
Diminuir a energia necessária nas operações da cadeia produtiva é fundamental para a sustentabilidade na construção civil. O desempenho energético de um empreendimento tem reflexo direto na sua produção e emissão de gases de efeito estufa.
- Energias renováveis: energia solar, eólica e com origem em biomassa minimizam a poluição do ar, da água e do solo
- Iluminação natural: aposte em projetos que reduzam o consumo energético associado à iluminação no interior do imóvel
- Aquecimento eficiente: o sistema de aquecimento solar ajuda a reduzir as perdas térmicas relativas à distribuição de água quente
Bom exemplo: todos os prédios dos novos empreendimentos da MRV Engenharia contam com painéis fotovoltaicos instalados no telhado das torres, que são capazes de produzir energia elétrica. O sistema permite que o excedente de energia seja transmitido para a rede de distribuição local. Essa energia extra pode cobrir até 80% da conta do condomínio.
5. Tratamento de resíduos
Reduzir, reusar e reciclar são três palavras-chave para a gestão adequada dos resíduos gerados numa obra. Os “3Rs” não admitem que um material seja rejeitado como lixo quando pode ser reaproveitado com outras finalidades.
Bom exemplo: o plástico que sobra da construção nos empreendimentos da Tegra Incorporadora é destinado à produção do polipropileno reciclado. Os canteiros de obra da empresa, por exemplo, utilizam este material na produção dos chamados ecotapumes, que dispensam o uso de madeira. Esta e outras iniciativas no reaproveitamento de resíduos foram reconhecidas no Guia Exame Melhores do ESG 2022 na categoria Construção Civil e Imobiliário.
6. Materiais sustentáveis
Considere o ciclo de vida dos materiais usados no processo construtivo, desde a sua extração, processamento, transporte, utilização e descarte.
- A aquisição de materiais reciclados reduz o consumo de matéria-prima virgem
- A escolha por fornecedores próximos movimenta a economia local e reduz os impactos com transporte
- Priorize fabricantes que tenham implantado melhorias no impacto de ciclo de vida de seus produtos
7. Métodos construtivos industrializados
A escolha por métodos construtivos industrializados reduz o uso de água na construção e minimiza o desperdício de materiais. A possibilidade de desmontagem futura também contribui para reduzir a geração de novos resíduos.
Bom exemplo: o sistema de construção rápida elaborado pela Construtora BS investe no método industrializado para aumentar a produtividade e minimizar a geração de resíduos. Toda a estrutura do prédio é produzida em indústria. Neste método, grande parte da mão de obra do canteiro é transferida para o ambiente de fábrica, tornando o ambiente de trabalho mais limpo, seguro e organizado.
8. Emissão de gases
É difícil imaginar uma obra sem uso de aço, cal e cimento, certo? Estes são alguns dos principais materiais que emitem gases de efeito estufa na cadeia produtiva da construção. Como visto nos tópicos anteriores, é preciso priorizar materiais naturais e métodos construtivos eficientes. Quanto menos processado o material, menor deverá ser seu impacto ambiental.
Mesmo quando não for possível contar com uma logística de reciclagem, é possível atenuar seu impacto ambiental durante a produção, como veremos abaixo.
Bom exemplo: sabe aquele açaí servido na tigela com granola? Esta fruta, de origem amazônica, é usada como combustível pela Votorantim Cimentos em seus fornos. O aproveitamento do caroço e da semente, que seriam destinados a aterros, substitui combustíveis fósseis tradicionais. Além de eliminar resíduos, o processo reduz a emissão de gases.
9. Atenção aos fornecedores
Somente 22% das empresas analisadas pela consultoria Luvi One e a fintech arara.io avaliam critérios ESG de sua cadeia produtiva. O dado foi revelado na segunda edição do estudo sobre como as empresas acompanham as políticas de sustentabilidade de seus fornecedores.
O emprego da sustentabilidade na construção civil precisa incentivar a escolha de fornecedores de materiais e serviços que atendam aos quesitos de legalidade, formalidade e qualidade, visando melhorar a qualidade de toda a cadeia da construção.
10. Adote uma ferramenta de gestão
Um software especializado vai ajudá-lo na gestão ambiental e na viabilização de um projeto sustentável. O Sienge Plataforma oferece uma base tecnológica aberta a conexões, que dará a sua empresa a liberdade necessária para você conectar a sua solução a diferentes softwares e aplicativos, de acordo com as suas necessidade.
Sustentabilidade na construção civil: por onde começar?
Agora que você já conhece 10 exemplos práticos da sustentabilidade na construção civil, é hora de saber por onde começar. Lembre-se que o poder público tem regulado o setor e estimulado a melhoria de desempenho em várias frentes, a exemplo da gestão de resíduos.
Aspectos socioambientais ganham força como condicionantes para as empresas interessadas em atuar nos programas habitacionais do governo federal.
Nos municípios também cresce o número de leis que impõem aos empreendimentos atenção específica a aspectos ambientais. Isto significa que é necessário, acima de tudo, respeitar as normas técnicas e a legislação específica do setor.
A atenção às certificações ambientais também é fundamental no planejamento de construções sustentáveis. Conheça as certificações existentes e saiba como se adaptar para agregar um selo verde ao seu negócio.
Conclusão
As práticas de sustentabilidade na construção civil não devem ficar restritas às imposições legais. Há uma tendência de cobrança da sociedade por mais atenção ao desempenho socioambiental. O perfil do consumidor consciente evita produtos que geram impactos ambientais e valoriza a responsabilidade social. Ou seja, além de contribuir para o meio ambiente, apostar em um empreendimento sustentável pode ser um ótimo negócio.
