Ao abordarmos sobre reciclagem de materiais de construção há algumas dificuldades a se enfrentar para um resultado realmente abrangente e efetivo. Primeiramente, uma demolição sem cuidado pode tornar o processo muito complexo, misturando produtos com destinações distintas. Além disso, nem todos os materiais contam com processos realmente eficientes para sua reciclagem ou processamento como um outro produto.
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Muitos ainda são caros ou complexos demais. Mas a indústria da construção, sendo uma enorme contribuidora para a produção de resíduos e a emissão de gases do efeito estufa, também tem desenvolvido múltiplas novas tecnologias para melhorar suas práticas. É o caso do projeto WOOL2LOOP, que busca resolver um dos maiores desafios na utilização de resíduos de construção e demolição com uma abordagem de circularidade.

Um dos exemplos de possibilidade inexplorada de circularidade são as lãs minerais. Tratam-se de materiais fibrosos formados pela fiação ou extração de minerais ou rochas fundidas, como escória e cerâmica. Estes funcionam como excelentes isolantes térmicos e acústicos, por terem uma densidade extremamente baixa. Por este motivo, também se tornam um problema durante uma demolição, pois ocupam um espaço significativo em aterros sanitários. São resíduos muito leves, mas altamente volumosos. Como aponta este artigo, “Na Europa, cerca de 2,5 milhões de toneladas de resíduos de lã mineral são gerados a cada ano na construção e demolição. Atualmente, os resíduos de lã mineral são quase totalmente depositados em aterros, resultando em um custo anual de cerca de 250 milhões de euros para o setor da construção.”

O projeto WOOL2LOOP tem o intuito de utilizar os resíduos de lã mineral, após processamento, em produtos como painéis de fachadas, chapas acústicas, lajotas para pavimentação e mesmo como agregados para impressoras 3D. Para tal, desenvolveu-se um processo que se inicia separando os resíduos de lã mineral, moendo-os e utilizando-os como produtos através da ativação alcalina (ou geopolimerização), convertendo-os em materiais cerâmicos ou semelhantes a concreto. Os geopolímeros são considerados boas alternativas para substituir o tradicional cimento Portland comum (Ordinary Portland Cement – OPC), principalmente devido às propriedades mecânicas comparáveis, mas liberando uma fração do dióxido de carbono. A grande vantagem é que diversos resíduos de processos industriais existentes podem ser utilizados para a fabricação de geopolímeros, como cinzas volantes ou escórias de forno, o que torna o processo ideal tanto ambiental quanto economicamente. Para se ter uma ideia do impacto, aproximadamente 5-10% de todas as emissões de CO2 provocadas pelo homem são geradas na produção de cimento. A geopolimerização está se tornando um método mais amplamente aceito para preparar ligantes de baixo teor de dióxido de carbono, outros produtos e materiais de vários subprodutos industriais, sendo um deles o resíduo de lã mineral.

Estima-se que o concreto geopolimérico de lã mineral produza aproximadamente 80% menos emissões de CO2 em comparação com o concreto comum e o produto final é duas vezes mais duro que o concreto convencional de alta resistência.

Entre as áreas de atuação, a impressão 3D é uma das possibilidades mais promissores no projeto. Atualmente estão sendo testadas diferentes capacidades de impressão com diferentes misturas de geopolímeros que contêm materiais de isolamento recuperados de canteiros de obras. Com proporções de mistura adequadas e a adaptação da tecnologia de impressão, novas geometrias podem ser fabricadas que de outra forma não poderiam ser feitas com as técnicas tradicionais.

WOOL2LOOP tem sido desenvolvido por um consórcio de 15 parceiros, com empresas, entre elas a Saint-Gobain Finland, uma ONG e instituições de pesquisa. Como aponta Anne Kaiser, Gerente de Sustentabilidade na Saint-Gobain Finlândia, “Ao transformar a lã mineral no final de sua vida útil em uma matéria-prima para novos produtos, nos tornamos parte de novos ecossistemas industriais e promovemos a eco-inovação na economia circular, reduzindo a quantidade de resíduos de construção”.

FONTE: Archdaily