Com a entrada em vigor do decreto nº 9.377 em maio de 2018, a plataforma BIM (Building Information Modeling) tornou-se parte de uma estratégia nacional que visa incentivar o uso dessa tecnologia em âmbito nacional. Você sabe o que isso significa e porque o uso da Plataforma BIM é uma das mais fortes tendências da Construção civil?
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A partir de 2021, a modelagem 3D será exigida para a elaboração de projetos de arquitetura e de engenharia.

A iniciativa pretende aumentar em dez vezes a implantação da plataforma BIM. Com isso, espera-se que 50% do PIB da construção civil utilize a metodologia até 2024.

Atualmente, somente 9,2% das empresas do setor da construção utilizam a modelagem em suas rotinas de trabalho. O dado é de um estudo do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Mais produtividade para a construção

De acordo com o professor Sergio Scheer, participante do Comitê Estratégico de Implementação da plataforma BIM, o uso dessa tecnologia vai beneficiar cada vez mais a construção civil. Inclusive vai proporcionar mais possibilidades de inovação na construção civil.

“Os projetos serão melhor desenvolvidos e as construções terão mais qualidade. O setor sofrerá com menos desperdício e retrabalho. Isso vai fazer com que o uso do recurso público em todo o processo construtivo seja melhor aproveitado”, garante.

A expectativa é de que haja um aumento de 10% na produtividade do setor e uma redução de custo que pode chegar a 20%, segundo a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).

Estudos da Agência indicam que se metade da cadeia da construção (em faturamento) adotar a plataforma até 2028, haverá ganho de 7 pontos percentuais do PIB do setor.

Ações estratégicas para disseminação do BIM

O Comitê Estratégico de Implementação da plataforma BIM definiu diretrizes e informações sobre a disseminação da plataforma BIM no Brasil. Entre elas, destacam-se:

  • Coordenar a estruturação do setor público para adotar a plataforma BIM;
  • Criar condições favoráveis para o investimento, público e privado;
  • Estimular a capacitação dos profissionais;
  • Propor normas que estabeleçam parâmetros para as compras e as contratações públicas;
  • Desenvolver normas técnicas, guias e protocolos específicos sobre a plataforma BIM;
  • Desenvolver a Plataforma e a Biblioteca Nacional BIM;
  • Estimular o desenvolvimento e aplicação de novas tecnologias relacionadas ao BIM;
  • Incentivar a concorrência no mercado por meio de padrões neutros de interoperabilidade.

Plataforma BIM versus CAD

Você sabe que mudanças sempre geram desconforto, ainda que elas sejam positivas.

Assim, o caso da implementação da plataforma BIM é explicado por fatores como a pouca mão de obra qualificada e a falta de padrões de desenho.

O mesmo aconteceu na década de 1980, quando a tecnologia CAD (Computer Aided Design) chegou ao Brasil. A transição não foi simples, lembra Scheer. Mas hoje é possível perceber quão forte é sua utilização no mercado, depois que os profissionais da construção, principalmente os escritórios de arquitetura e de projeto, passaram por capacitação.

No CAD o projeto pode ser representado por meio de seus elementos construtivos. No entanto, o processo de criação do projeto arquitetônico, de estrutura ou de instalações, por exemplo, não conta com uma simulação virtual completa da obra, como acontece na plataforma BIM.

Conforme Scheer, a implementação do modelo 3D na construção civil será bem mais drástica do que a mudança provocada pelo CAD.

Por isso, para o professor, o principal desafio será a capacitação. “As pessoas têm que estar convencidas de que essa mudança é positiva. É uma mudança severa nas práticas, mas será por um bom motivo”, afirma.

Para o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, a criação da Estratégia BIM é essencial. “Dessa forma, o governo é capaz de incentivar as empresas a migrar para essa plataforma tecnológica, tanto por meio de compras públicas, quanto por capacitação”, diz.

Biblioteca BIM

Uma etapa importante para o sucesso da modelagem 3D é a construção da Biblioteca BIM. A iniciativa encabeçada pela ABDI, pretende facilitar a troca de informações entre os profissionais da construção civil. Quando um projetista, por exemplo, vai modelar um edifício em BIM, ele utiliza um banco de dados de materiais prontos.

Com a biblioteca da plataforma BIM, todas as especificidades necessárias para um projeto constarão no documento. É uma espécie de cadastro de produtos e serviços, com preços, que podem ser utilizados nas obras.

“As bibliotecas digitais servirão para que União, Governos Estaduais e Prefeituras possam reduzir despesas e trabalho, além de prestar contas de forma mais transparente à população. É uma tecnologia que deve ser adotada como prioridade”, defende o presidente da ABDI, Guto Ferreira.

A modelagem da informação no Brasil e no mundo

A tecnologia da plataforma BIM chegou ao Brasil em meados dos anos 2000.

“Em relação à adoção da ferramenta, precisamos acelerar”, diz Scheer. Segundo ele, o anúncio do Governo Federal deve contribuir para eliminar o atraso.

A inspiração da equipe que desenvolveu a estratégia de implementação da plataforma BIM vem do Reino Unido, referência das informações relacionadas ao uso da tecnologia.

No país europeu, onde já se exige BIM Nível 2 (modelagem e interoperalidade), a meta é chegar ao BIM Nível 3 até 2025. A ideia principal do governo com o uso da plataforma de modelagem de informação da construção é reduzir o custo de projeto, além de diminuir a emissão de carbono.

Na América do Sul, o Chile foi o pioneiro na adoção da tecnologia BIM em projetos públicos. Assim, em 2016, o governo chileno divulgou o Plano BIM. Este, dentre suas principais características, estabelece que todas as obras públicas estejam inseridas na plataforma tecnológica a partir de 2020.

No Brasil, Santa Catarina foi o primeiro estado a definir que até 2019 as licitações de obras públicas sejam feitas com a metodologia da plataforma BIM.

Entenda mais sobre a tecnologia BIM nesta entrevista realizada pelo Buildin com o engenheiro civil Alexandre Müller.

Prazos para implementação da plataforma BIM

A proposta do Comitê Estratégico BIM BR, é que a exigência do BIM nas compras do Poder Público seja feita de forma escalonada. Por isso, os prazos para implementação foram divididos em três etapas:

  • Jan/2021: a exigência da plataforma BIM se dará na elaboração de modelos para a arquitetura e engenharia nas disciplinas de estrutura, hidráulica, AVAC e elétrica, na detecção de interferências, na extração de quantitativos e na geração de documentação gráfica;
  • Jan/2024: os modelos deverão contemplar algumas etapas que envolvem a obra, como o planejamento da execução, orçamentação e atualização dos modelos e de suas informações como construído (“as built”).
  • Jan/2028: passará a abranger todo o ciclo de vida da obra ao considerar atividades do pós-obra. Será aplicado, no mínimo, nas construções novas, reformas, ampliações ou reabilitações, quando consideradas de média ou grande relevância.

O que é a plataforma BIM?

O BIM é uma maneira eficiente de reunir todas as informações de uma construção de forma integrada e organizada. Esse conjunto de informações vai desde o modelo em si da edificação até seu orçamento. Isto é, acompanha a obra em todo o seu ciclo de vida.

A tecnologia permite criar digitalmente modelos virtuais precisos de uma construção. Os modelos oferecem informações detalhadas de cada parte de um projeto, o que possibilita melhor análise e controle.

Além de centralizar os dados em um único local, o uso da modelagem facilita o compartilhamento do projeto entre profissionais durante o processo de construção.

Adicionalmente, a plataforma minimiza erros comuns no processo de projeto em 2D, por exemplo.

Com a plataforma BIM, constrói-se maquetes eletrônicas, obtendo plantas, cortes e vistas. Dessa forma, é possível simular como ficará cada detalhe estrutural da construção.

A tecnologia é tão eficaz que fornece informações aprofundadas de cada parte da evolução de um empreendimento. Além de permitir a atualização do modelo em tempo real.

Software BIM gratuito

Sabemos que o Revit é um software de plataforma BIM difundido mundialmente. Afinal, o sistema foi totalmente desenvolvido para Modelagem de Informação da Construção.

Assim, o software Revit BIM conta com recursos específicos para o desenvolvimento do projeto arquitetônico.

Da mesma maneira, o Revit é uma plataforma BIM extremamente importante para o desenvolvimento de projetos de engenharia e de sistemas mecânicos, elétricos e hidráulicos. Além disso, contribui com projetos de engenharia estrutural e de construção em geral.

Dessa maneira, o Revit oferece, de acordo com as premissas da Plataforma BIM, suporte ao andamento de processos de projeto colaborativos e multidisciplinares.

Entretanto, nem sempre os escritórios de arquitetura e de projetos têm condições de utilizar o Revit como ferramenta de planejamento na plataforma BIM. Afinal, uma assinatura do Revit custa a partir de R$ 6.846,83 por ano (informação de março de 2019)

Assim, algumas empresas e profissionais de engenharia e arquitetura acabam recorrendo a ferramentas de plataforma BIM gratuitas.

Por isso, listamos alguns dos softwares BIM gratuitos (ou que têm período de testes gratuito) mais conhecidos.

  1. ArchiCAD
  2. Autodesk BIM 360
  3. BIMobject
  4. B-processor
  5. DataCAD
  6. Edificius
  7. Free BIM Viewer
  8. FreeCAD
  9. OpenOffice Calc
  10. Revit LT
  11. SketchUp
  12. Tekla BIMsight
  13. Trimble Connect
  14. TurboFloorPlan
  15. Vectorworks Architect
  16. xBIM

Conclusão

As empresas da indústria da construção precisam se apressar para utilizar a modelagem da informação na plataforma BIM.

Então, não custa lembrar que há vários motivos que fazem a implantação do BIM fracassar. Assim, dntre os principais, o consultor Tiago Ricotta, especialista em BIM, destaca:

  • Falta de objetivo sobre o que se espera da tecnologia;
  • Acreditar que o BIM é o fim e não o meio pelo qual evoluiremos os processos de projeto, construção e operação;
  • Falta de apoio estratégico da direção das empresas.

Segundo Ricotta, outro obstáculo para o desenvolvimento da tecnologia no mercado público e privado é a falta decultura de inovação, pesquisa e desenvolvimento no setor.