Transitando em uma linha tênue entre suas especificações, essas duas práticas são facilmente confundidas e muitas vezes ficamos na dúvida sobre qual profissional é o mais indicado para um determinado serviço. Neste texto abordaremos a diferença entre as duas práticas, buscando auxiliar na escolha de qual serviço procurar.
Navegação, peças domésticas, ferramentas de defesa e de engenharia, estrutura de abrigos e até como combustível: historicamente, a madeira é um material que faz parte da evolução da espécie humana, sendo fundamental no nosso desenvolvimento como civilização. Essa versatilidade é um dos trunfos que a madeira traz para a construção civil formal e mais comum no Brasil.
Para além das tecnologias mais recentes das madeiras laminadas coladas (CLT) e também do uso da madeira como estrutura portante, suas funções dentro de uma obra comum são diversas. Em algumas delas a madeira serve como um material de apoio, um ajudante silencioso que participa do serviço, mas não o protagoniza. Este é o caso dos gabaritos, por exemplo. No início das obras é necessário construir uma espécie de régua que marque os eixos estruturais, sinalizando onde serão as paredes ou pilares. Esse gabarito é comumente feito com sarrafos de madeira e linha de pedreiro, onde a madeira serve como estrutura de apoio e exige pouco trabalho especializado
Já outros serviços têm a madeira como sua matéria prima central e nos conhecimentos ancestrais o saber prático de como manuseá-la. São esses os serviços que exigem a presença de trabalhadores especializados, como os marceneiros e carpinteiros. Apesar dessa semelhança há diferenças fundamentais nas duas práticas.
O carpinteiro é o profissional dedicado à uma produção mais pesada, executando serviços dentro da construção que exigem experiência, mas que são integrados aos trabalhos civis, como a construção de formas, de estruturas de escoramento, ou também de instalação de portas e janelas, por exemplo. Seu trabalho não é dedicado à fabricação de um objeto, mas sim de um elemento construtivo que esteja integrado à construção como um todo. Já o marceneiro é o profissional dedicado à fabricação de objetos que normalmente aparecem depois que a parte civil da obra está concluída. A marcenaria é a prática de produção de mobiliário ou objetos e elementos de decoração, que normalmente acontece em uma oficina dedicada a isso.
Comumente, o carpinteiro trabalha com madeiras naturais em peças enquanto o marceneiro, majoritariamente, trabalha com a madeira em tábuas, chapas, painéis e seus acabamentos, seja com verniz, seja com revestimentos sintéticos e sua variedade de possibilidades. As ferramentas utilizadas também são diferentes e até a escala das medidas podem ser diferentes, ainda que muito precisas. Podemos perceber, portanto, que o carpinteiro é um trabalhador que compõe o dia a dia de uma construção, dando suporte necessário para os serviços, enquanto o marceneiro trabalha em uma oficina fora da obra, fabricando objetos que deverão ser instalados no fim.
Assim, quando precisarmos fabricar ou reformar um móvel, seja ele uma estante, um armário, uma cadeira ou até um painel de correr, precisamos contratar um marceneiro. Agora, se precisarmos executar serviços durante a obra, como a instalação de batentes de madeira, construção de formas, ou de estruturas de escoramento, é necessário o trabalho do carpinteiro. Não podemos esquecer, porém, que muitos desses saberes são ofícios passados de geração para geração, então é possível que essas duas práticas se sobreponham a depender do trabalhador envolvido. Assim, apesar de haver essa separação prática, é sempre importante discutir o projeto e a execução com o executor do trabalho.