Não existe redução de risco sem aumento de produtividade e nem aumento de produtividade sem que os processos artesanais sejam descartados definitivamente, ou seja, não dá para continuar a improvisação em obras.
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A construção enfrenta muitos riscos: regulamentação governamental, com uma burocracia gigantesca na aprovação de projetos e concessão de Habite-se, falta de estabilidade jurídica, além dos riscos a que a própria indústria se submete, como processo construtivo artesanal e de baixa produtividade, falta de qualidade nos materiais e componentes, acidentes do trabalho, custos altos de manutenção e de assistência técnica e até a sazonalidade do mercado, sendo essa uma característica que se observa no mundo inteiro. Tudo isso afeta o processo construtivo.

Um conjunto de medidas podem diminuir os riscos de construção.  Temos exemplo dos problemas que atravancam a produtividade no setor, como:  “Quando você recebe componentes em uma obra e eles não casam uns com os outros, há que se dar um “jeitinho”, mas isso não pode acontecer, pois significa perda importante de produtividade. Os componentes têm de ser pré-engenheirados. As construtoras se especializaram em resolver problemas e fazerem adaptações, em vez de gerir a produção de forma eficiente. Não se pode pensar em industrialização, se todo o ciclo do mercado produtivo não se tornar um ciclo de valor e os elos desse ciclo, tem que “conversar” porque a falta de diálogo que existe entre os elos de produção, explode na obra.

Um dos desafios é buscar processos que permitam uma gestão moderna, pois o processo antigo, convencional, dificulta muito a gestã. É preciso diminuir as atividades no canteiro da obra e aumentar as atividades em fábrica, com a produção de componentes, resolvendo previamente todas as possíveis interferências que possam surgir na montagem e no contato com os demais subsistemas.

Também tem que ser previamente resolvidos, como esses componentes vão ser transportados, içados e até mesmo prevendo como  a manutenção será feita: isso é pré-engenharia.

As indústria de cerâmica, por exemplo, muda as dimensões das peças, não existe uma padronização e nem uma coordenação modular entre os sistemas, o que evitaria desperdícios. Quando falamos em industrialização da construção é fundamental falar em construção a seco, e nesse sentido é preciso focar em quatro itens: estrutura, vedações internas, instalações prediais e fachadas. Se esses quatro tópicos estiverem bem resolvidos em uma obra, todo o resto fica mais fácil.  A tecnologia tem que ser enfocada de maneira diferente e criar valor para o cliente.

Como referência dos itens básicos de desempenho temos a norma NBR 15575 que define os principais requisitos de desempenho desejados pelo cliente: segurança, habitabilidade, segurança ao uso, sustentabilidade, etc.

A produtividade é muito importante para a construtora: em uma obra, se houver baixo nível de interferência entre os sistemas, se tudo for pré-engenheirado e se a montagem é feita de forma segura, limpa, tranquila, sem “gambiarras”, a produtividade acontecerá de forma natural e isso é valor para quem administra o sistema construtivo.

Hoje, nós temos toda a tecnologia de que precisamos aqui no Brasil, só temos que mudar a percepção e transformar essa mudança em atitude.

Podemos e precisamos de um grande salto de produtividade rapidamente.   A industrialização da construção é possível imediatamente e o maior investimento é na capacitação de nossos diretores, engenheiros e trabalhadores.

Por Luiz Henrique Ceotto,
Sócio da Tecnoenge Consulting