Com suas inúmeras possibilidades, a construção em aço é a melhor solução para viabilizar a meta do governo federal de construir 1 milhão de moradias populares, prevista pelo novo plano habitacional batizado de “Minha Casa Minha Vida”.É o que defende o CBCA - Centro Brasileiro da Construção em Aço e especialistas ligados ao setor. 
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“Os sistemas industrializados de construção metálica desenvolvidos atualmente no país apresentam vantagens expressivas em relação aos métodos construtivos convencionais, e são boas alternativas para resolver, em tempo recorde, o problema crônico do déficit habitacional”, afirma o diretor executivo do CBCA, engenheiro Eduardo Zanotti. 

Segundo Zanotti, para que a meta do governo federal seja viabilizada dentro de um prazo razoável, será necessário o uso de sistemas construtivos industrializados. “A construção seca é mais rápida e com menor impacto no canteiro que a construção tradicional. A casa pode vir semi-pronta da fábrica para o canteiro de obra onde a montagem é finalizada. Nesse contexto, o aço, por suas características, responde às necessidades dos empreendedores e dos usuários como material versátil, eficiente e sustentável”, ressalta. 

A rapidez no processo de montagem e na execução da obra torna menores os prazos de entrega. Mais leves, as estruturas em aço podem reduzir em até 30% o custo das fundações e ainda tornar viável o uso de solos com baixa capacidade de carga. “Devido à maior velocidade de execução da obra, é possível obter um ganho adicional pela ocupação antecipada do imóvel e pela rapidez no retorno do capital investido”, acrescenta Zanotti. Redução no peso da estrutura, no consumo dos recursos naturais, como água e energia e nos impactos gerados no canteiro de obras (geração de resíduos, emissão de poeira, tráfico e ruídos sonoros) são outras características das obras em aço. 

Soluções da indústria do aço 

A engenheira Catia Mac Cord, gerente executiva do CBCA, afirma que a indústria da construção em aço está preparada para participar ativamente do Minha Casa Minha Vida, oferecendo diferentes soluções aos agentes indutores, construtoras e prefeituras. “Nos últimos anos, as empresas siderúrgicas e os centros de serviço vêm trabalhando no desenvolvimento de soluções em aço para a construção civil. Aço na construção civil é sinônimo de construção industrializada, aliando produtividade, agilidade e baixo impacto ambiental”, afirma 

Atualmente, graças ao desenvolvimento tecnológico, o aço é apresentado em grande diversidade de formas e especificações. O material pode ser utilizado na construção civil industrializada sob diferentes subsistemas, desde fundações, estruturas, lajes, coberturas e fechamentos até componentes como escadas, portas e janelas. “Verdadeiros kits metálicos podem ser entregues, transformando o canteiro de obras em linha de montagem”, acrescenta Catia. 

Na aplicação em estruturas, vários tipos de perfis podem ser empregados, como laminados, dobrados e soldados ou mesmo a combinação entre estes perfis, no intuito de se otimizar vãos e cargas. Há sistemas construtivos desenvolvidos a partir de perfis de aço zincado leves, o denominado Light Steel Framing que permite a construção rápida de residências ou mesmo de prédios de até cinco pavimentos. 

As principais características do steel framing são a total flexibilidade na arquitetura e seu excelente desempenho térmico e acústico. O aço pode também ser utilizado nos fechamentos internos, por meio do sistema drywall e na aplicação em lajes, em formas colaborantes (steel deck), que facilitam o trabalho no canteiro ao eliminar a necessidade de escoramentos. 

Em relação à estrutura do telhado, o engradamento metálico vem substituindo a madeira nas coberturas e pode ser utilizado tanto em construções estruturadas em aço, como em estruturas convencionais, com a vantagem de chegar à obra já pré-montado. Além disso, o engradamento em aço pode receber qualquer tipo de telha, desde as tradicionais em cerâmica como as telhas de aço, não apresentando os problemas que são frequentes de empenamento ou ataque de cupins. 

Com alta durabilidade, facilidade de manutenção e reciclabilidade, as coberturas podem utilizar vários tipos de telhas em aço zincado, em liga alumínio-zinco e em pré-pintados, dependendo da agressividade do ambiente. As coberturas com telhas de aço oferecem grande vantagens em termos de rapidez de instalação e em função de seu baixo peso. 

Redução de ICMS pode estimular o setor 

Dados do CBCA apontam que a média anual de crescimento da participação das estruturas de aço no país tem sido de 6,5% desde 1999, tendo chegado a 18% em 2008. Para o arquiteto Paulo Cesar Arcoverde Lellis, integrante do Comitê Executivo do CBCA, um dos principais entraves para o crescimento da construção em aço no Brasil é uma questão cultural. “Há uma resistência natural a tudo o que é diferente do tradicional. 

Mas não é possível a construção desse número de moradias se não utilizarmos sistemas industrializados de construção, principalmente se considerarmos que o déficit habitacional total é de 7,2 milhões de moradias”, ressalta. 

Lellis afirma que, atualmente, o custo da construção industrializada já é competitivo no Brasil, mas ainda sofre com uma falta de isonomia da carga tributária em comparação aos processos construtivos convencionais. “Enquanto os produtos industriais são onerados de uma série de impostos federias, estaduais e municipais, a construção convencional é considerada como executada no canteiro de obras e tem uma série de isenções nesse sentido. 

Esse plano do governo tem como fator positivo uma diminuição nessa carga tributária referente aos impostos federai. Entretanto não contempla uma diminuição no maior tributo estadual, o ICMS”, esclarece o arquiteto. 

Outra forma de baratear o custo da construção em aço é ampliando a escala de produção. “Como todo produto industrial, a forma de reduzir custo é pela escala de produção isto é, quanto maior o volume menor o preço. Nesse sentido, um plano de construção de tal envergadura acena com produção em larga escala, o que vem a favor da construção em aço”, destaca Lellis. 

Entretanto, ele pondera que esse conceito de escala está atrelado diretamente a um produto. “De nada vale a construção de 1 milhão de casas sem uma padronização que venha a favorecer esse conceito de escala. Não se tem esse ganho com a produção de poucas unidades de inúmeros projetos diferentes”, acrescenta. 

Fonte: Fórum da Construção