Segundo definição da Abrablin (Associação Brasileira de Blindagem), o vidro com proteção balística é um tipo de multilaminado que se destaca pela possibilidade de combinar proteção balística, sem abrir mão da estética do vidro. Trata-se de um “sanduíche” composto por várias lâminas de vidro float intercaladas por películas plásticas que podem ser de polivinil butiral (PVB), de policarbonato, ou de outros componentes.
Para um vidro multilaminado ser considerado blindado, ele deve atender aos requisitos da ABNT NBR 15.000 – Blindagens para impactos balísticos, atualmente em revisão. A norma não especifica a espessura ou a composição do vidro blindado arquitetônico. Ela apenas aponta o desempenho esperado com relação à resistência balística.
Além disso, antes de serem comercializados, os vidros blindados precisam ser registrados junto ao Exército Brasileiro, que realiza testes do material e classifica os produtos de acordo com sua capacidade de resistir à ação de diferentes tipos de armamentos. Muito utilizada em vidros arquitetônicos, a blindagem nível 3A suporta projéteis de uma arma de fogo do tipo Magnum .44. Já a blindagem nível 3, suporta projéteis de fuzis.
Adicionalmente à proteção balística, os vidros blindados podem agregar outras vantagens aos projetos arquitetônicos. A principal delas é o conforto térmico. Alguns modelos podem filtrar mais de 80% da transmissão de calor para dentro do ambiente. “Outro ponto forte é dispensar a instalação de película de proteção solar insulfilme ou fumê”, comenta a arquiteta Paula Carvalho.
Como especificar
Além da documentação que ateste o grau de proteção balística, a especificação de vidros blindados deve considerar outros pontos importantes.
O peso do material, por exemplo, pode interferir na especificação das esquadrias e até no projeto de estruturas. Em teoria, quanto mais espesso e pesado for o vidro, maior será a proteção oferecida.
“Dependendo do nível balístico exigido em projeto, a blindagem pode ter um impacto considerável na estrutura da edificação. Por isso mesmo, as estruturas devem ser superdimensionadas para suportar o peso dessas peças”, explica Carvalho. “Para se ter uma ideia, um caixilho blindado pode chegar a pesar 100 kg/m² contra os 10 kg/m² da solução convencional”, continua a arquiteta.
Por isso, embora possa ser prevista em qualquer fase, o ideal é que a blindagem arquitetônica seja considerada quando o projeto ainda está em desenvolvimento. Isso porque, nessa etapa, há maior flexibilidade para especificação de materiais mais robustos.
Outras recomendações importantes na hora de contratar blindagem arquitetônica são:
- Certificar-se de que os materiais possuem TR (Título de Registro) e Retex (Relatório Técnico Experimental), emitidos pelo Exército Brasileiro.
- Conferir se a empresa conta com estrutura industrial e equipe de profissionais especializados.
- Verificar se o fornecedor oferece funcionários qualificados e treinados para realizar os serviços de instalação e manutenção.
Esquadrias especiais
Durante a concepção de fachadas blindadas, um aspecto que deve ser considerado pelo projetista é a exigência de caixilhos mais robustos.
Esquadrias especiais são imprescindíveis para assegurar a segurança no uso de vidros blindados. “O caixilho deve ser adequado não apenas em função da largura do vidro, mas também da resistência balística, pois o sistema como um todo precisa ter essa característica”, comenta Clélia Elisa Bassetto, analista de normalização da Abravidro (Associação Brasileira de Distribuidores e Processadores de Vidros Planos).
De modo geral, os caixilhos blindados são fabricados com perfis de aço-carbono soldados entre si e revestidos com chapa dupla também de aço-carbono. Assim como ocorre com os vidros, a espessura dos perfis deve ser condizente com o nível balístico solicitado.
Janelas Brindadas – Custo
Quando o assunto é blindagem arquitetônica, um dos pontos mais críticos é o custo. Dependendo das soluções empregadas, as cifras envolvidas podem ser altas.
Para se ter uma ideia, o metro quadrado do conjunto caixilho (veneziana) e vidro custa entre R$ 1,5 mil e R$ 2 mil. “Mas é preciso enxergar esses números como investimento e não como custo”, diz Carvalho, lembrando que os serviços de blindagem são customizados e feitos sob encomenda.
Fonte:
AECWeb