Nos períodos de temperatura mais amena, ter à disposição torneiras e chuveiros com água quente proporciona conforto na realização das tarefas cotidianas. Para oferecer essa comodidade, o mercado disponibiliza sistemas de aquecimento que partem de matrizes energéticas que vão da solar ao gás, passando pela elétrica. Há uma solução ideal para cada caso, daí a importância de conhecer todas as variáveis.
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“O sistema de aquecimento solar é composto por um conjunto de componentes, formado por painéis coletores, reservatórios, bombas e acessórios. Eles absorvem a radiação solar que convertem em calor, que pode ser transferido para fluidos, como a água de consumo”, explica o engenheiro José Jorge Chaguri Júnior, presidente da Associação Brasileira pela Conformidade e Eficiência das Instalações (Abrinstal).

Atualmente, o sistema solar é considerado o mais econômico se comparado com os demais. Isso porque o custo de implantação pode ser classificado como baixo se relacionado com seu desempenho, ou seja, o investimento se paga ao longo do tempo por meio da economia no consumo de energia. Também tem a vantagem de ser sustentável, afinal, é abastecido por fonte completamente renovável e limpa.

Outro modelo de aquecedor é o elétrico, categoria que pode ser dividida em dois grupos: os acumuladores — que mantêm um volume quente já armazenado para atender às demandas de uso — e os chuveiros elétricos — também denominados aquecedores de passagem individual. “Esses produtos esquentam a água através de resistências elétricas, com alta eficiência na conversão da energia em calor e flexibilidade de instalação”, diz o especialista.

Apesar de seu custo acessível e facilidade na instalação, a solução consome muita eletricidade e pede que o empreendimento conte com boa infraestrutura elétrica em função da potência instalada. “A concentração desses aparelhos utilizados ao mesmo tempo tem gerado impacto significativo no sistema elétrico nacional, sendo um dos responsáveis pelo horário de pico”, completa.

Por fim, há a opção dos aquecedores a gás, que podem ser do tipo central individual ou coletivo. É característica desse sistema a tipologia de passagem — em que é acionado apenas no instante de consumo —, ou então, de acumulação. Existem sistemas alimentados com gás natural (GN) ou gás liquefeito de petróleo (GLP), popularmente conhecidos como gás de rua e gás de botijão, respectivamente.

QUANDO USAR

Praticamente, qualquer tipo de edificação pode receber esses sistemas, e a escolha pelo mais adequado passa por algumas análises. Geralmente, os aquecedores de água elétricos são empregados quando há dificuldade na aplicação de soluções a gás. “Nesses casos, o estudo sobre cargas elétricas e conforto do usuário é fundamental para optar entre as soluções de acumulação ou passagem (chuveiros elétricos)”, comenta Chaguri.

Já nos aquecedores a gás, os sistemas de passagem são usados quando as vazões necessárias são limitadas e há pressão de água que comporte a solução. Por outro lado, as instalações por acumulação costumam ser especificadas em ambientes coletivos, como grandes edifícios residenciais. “Independentemente da opção adotada, sempre é possível incorporar o aquecimento solar para contribuir na redução do consumo energético”, fala o engenheiro.

Segundo ele, os diferentes sistemas de aquecimento podem trabalhar em conjunto. “A unificação de todas as alternativas na mesma instalação, apesar de custo de implantação maior, permite mesclar a operação de cada um. Isso faz com que seja aproveitado o melhor custo-benefício de cada fonte de energia, no instante de consumo, otimizando a operação”, avalia Chaguri.

POPULARIDADE

Historicamente, o chuveiro elétrico é o equipamento mais utilizado no Brasil para aquecimento de água. Contudo, nas novas construções, principalmente em empreendimentos verticalizados, o sistema a gás tem representativa aplicação. “Essa solução vem sendo bastante incorporada recentemente”, ressalta o engenheiro, indicando que seu uso é comum em conjunto com as opções alimentadas pelo sol quando o objetivo é economizar energia.

“Os sistemas a gás têm evoluído no mercado em função da possibilidade de aumento de conforto aos usuários e na busca de maior eficiência para os edifícios. Principalmente, quando os projetos buscam a certificação Procel Edifica”, destaca o especialista. Já as soluções solares têm conquistado seu espaço no mercado graças à crescente preocupação com a sustentabilidade na construção civil.

“Com este foco, diversas cidades em todo o país possuem leis que obrigam as novas edificações a serem entregues com sistema de aquecimento solar funcionando. Essa iniciativa acaba incentivando o mercado a desenvolver novas tecnologias e buscar por tipologias diferentes de sistemas de aquecimento”, analisa Chaguri.

DESEMPENHO

Entre os fatores que influenciam o desempenho de cada solução está a qualidade das instalações. Por isso, a execução do sistema deve sempre ser realizada por empresa certificada, e para garantir que o fornecedor é capacitado existe o Building Installation Performance (BIP). Esse programa de certificação abrange o controle sobre projeto, materiais aplicados e a qualificação da mão de obra.

“No site da Abrinstal estão listadas todas as empresas certificadas no programa”, informa o presidente da associação. O desempenho dos sistemas também é influenciado pelas condições de uso e pelo seu projeto, além dos corretos procedimentos de manutenção e operação.

SEGURANÇA

De acordo com Chaguri, todos os sistemas prediais são seguros. Porém, para isso, é fundamental que o projeto seja elaborado por empresa ou profissional com especialidade no assunto e que a instalação seja executada por prestador de serviço credenciado para a atividade. Além disso, precisam ser aplicados produtos certificados e de qualidade e ser realizadas manutenções preventiva e corretiva por especialistas habilitados. “São os pilares fundamentais da qualidade, eficiência e segurança das instalações”, destaca.

Toda instalação para aquecimento de água, independentemente do tipo, necessita de verificações periódicas para garantir seu funcionamento. “Quanto menor é o sistema, ou equipamento, também diminui a demanda por manutenção”, afirma o engenheiro. Nessas manutenções preventivas, a equipe técnica responsável deve aferir o estado geral da instalação e executar as intervenções necessárias, evitando a ocorrência de problemas futuros.

NORMAS TÉCNICAS

Além de possuir certificação do Inmetro, os aquecedores comercializados no mercado devem atender a uma série de normas técnicas. Entre os documentos estão a ABNT NBR 8130 — Aquecedor de água a gás tipo instantâneo — Requisitos e métodos de ensaio; a ABNT NBR 12483 — Chuveiros elétricos — Requisitos gerais; a ABNT NBR 10542:2015 — Aquecedores de água a gás tipo acumulação — Ensaios; e a ABNT NBR 15747 — Sistemas solares térmicos e seus componentes — Coletores solares.

Além das normas dos aparelhos, há as de instalação, com destaque para a ABNT NBR 5626 — Instalação predial de água fria; a ABNT NBR 15569 — Sistema de aquecimento solar de água em circuito direto — Projeto e instalação; a ABNT NBR 7198 — Projeto e execução de instalações prediais de água quente; e a ABNT NBR 5410 — Instalações elétricas de baixa tensão. A ABNT NBR 5626, ABNT NBR 15569 e ABNT NBR 7198 estão atualmente em processo de revisão na ABNT.

VANTAGENS E DESVANTAGENS

As vantagens e desvantagens de cada sistema variam conforme o edifício. Os aquecedores elétricos, por exemplo, contam com o benefício de uma instalação mais simplificada se comparados com o procedimento de aplicação das soluções a gás. “Por outro lado, podem ter seu custo elevado caso seja necessário alterar a infraestrutura do empreendimento para atender o aumento na necessidade de carga elétrica”, fala o engenheiro.

Os aquecedores a gás não sofrem com esse problema relacionado às altas potências elétricas, porém demandam uma melhor avaliação sobre o ambiente em que o equipamento será instalado. “Principalmente, com relação à chaminé de exaustão dos gases queimados”, comenta o especialista. No caso do sistema solar, a única desvantagem é o custo inicial e o espaço necessário para implantação do sistema.

Vantagem comum às três opções é o fato de que todas podem ser pensadas tanto para edificações novas quanto para aquelas já existentes. “Em projetos que estão nascendo, a instalação é muito mais simples, contudo, todas as alternativas são aplicáveis em edifícios já prontos, devendo apenas ser avaliada a melhor alternativa em função do menor impacto à edificação”, finaliza Chaguri.

Fonte:  AEC WEB