Unindo novas e velhas técnicas construtivas, os pesquisadores do Instituto de Arquitetura Avançada da Catalunha (IAAC) ergueram uma pequena estrutura de terra com impressão 3D. É o primeiro projeto do tipo realizado na Espanha.
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“Trata-se de um protótipo que representa a ponte entre o passado – arquitetura vernacular de barro – e o futuro – tecnologia de impressão 3D em larga escala – que não só servirá para mudar a arquitetura do futuro, mas também será muito útil para enfrentar o clima atual e a crise habitacional em todo o mundo”, afirma o Instituto.

Apelidado de TOVA, a construção é composta por terra e água obtidos no local, misturados com aditivos e enzimas. Segundo a equipe responsável, foi realizada uma investigação das propriedades do solo para atingir a mistura adequada em percentuais de argila e água. Desta forma, se garantiu a integridade estrutural e a elasticidade do material necessárias para a impressão 3D otimizada.

Já a fundação foi feita de geopolímero e o telhado de madeira. Para garantir a durabilidade e resistência às diferentes condições ambientais, foi adicionado um revestimento impermeável, utilizando matérias-primas como babosa e clara de ovo.

“As paredes são projetadas para serem contraventadas com juntas em ‘T’ e ‘L’, em vez de linhas retas. O espaço interior fechado é habitável, resistente às intempéries e adaptado climaticamente pelas várias intervenções de design”, explica a equipe do projeto.

Todo o processo buscou eliminar desperdícios e emissões poluentes. Exemplo disso, é que os materiais aplicados foram adquiridos em um raio de 50 metros. A construção de baixo carbono é hoje um ponto crucial, uma vez que os atuais métodos construtivos são responsáveis ​​por 38% do total das emissões globais de CO2 relacionadas à energia.

Outro fator relevante é que o desenho do edifício levou em consideração as condições climáticas do Mediterrâneo. O volume é compacto para proteger do frio no inverno, mas expansível durante as outras três estações do ano. As paredes são compostas por uma rede de cavidades que contêm o fluxo de ar e permitem um ótimo isolamento para evitar perdas de calor no inverno e proteger da radiação solar no verão.

A construção levou sete semanas para ficar pronta, sendo realizada no Parque Collserola em Barcelona, nos arredores do Valldaura Labs (centro de pesquisa), por um grupo de estudantes e profissionais do programa de pós-graduação em Arquitetura de Impressão 3D do Instituto de Arquitetura Avançada da Catalunha (IAAC).

Novas construções para um novo mundo

Com apenas 9 m², TOVA é um protótipo cuja ambição é ser um exemplo de habitação sustentável que poderia ser construída em qualquer lugar do mundo. O sistema construtivo, rápido e com uso de materiais locais, poderia ser aplicado para garantir acesso à habitação em áreas vulneráveis ​​ou assentamentos temporários, por exemplo.

O sistema de impressão 3D permite desenvolver edificações personalizáveis para diferentes usos. “As aplicações possíveis deste modelo de construção são infinitas; desde casas, a espaços públicos, interiores e exteriores. Em combinação com outros sistemas construtivos, pode acomodar edifícios complexos e inovadores que reduziriam o impacto ambiental que a construção atualmente acarreta”, exemplifica o Instituto espanhol.

A IAAC está em constante pesquisa de projetos arquitetônicos replicáveis que atendam às necessidades urbanas gerando menos impacto ambiental. Exemplo disso é a estufa solar que produz alimentos e energia ao mesmo tempo, desenvolvida por estudantes deste mesmo Instituto.

A TOVA foi construída em parceria com a WASP, empresa de engenharia e construção responsável por desenvolver um projeto semelhante, desenvolvido por Mario Cucinella Architects.

Via CicloVivo.