Recentemente escrevemos sobre a Engenharia de Custos nesse post. Agora, vamos aprofundar um pouco mais a discussão e tocar em um tema que ainda é causa de muita confusão entre os profissionais do setor: o BDI (Benefícios e Despesas Indiretas).
Você sabe o que são despesas indiretas? E como calcular o BDI?
Custos diretos e indiretos
Antes de chegar ao BDI propriamente dito, cabem alguns esclarecimentos sobre os dois grandes grupos de custos ou despesas que compõem o custo total de um empreendimento. Estou me referindo a todos os custos diretos e indiretos quem compõem o custo do empreendimento.
Custos diretos
São aqueles que resultam dos insumos (materiais, serviços e tempo de equipamento), aplicados no empreendimento, acrescidos dos respectivos encargos.
Assim, no caso dos materiais, os encargos são representados nos orçamentos de obras pelos fatores de perda e reaproveitamento.
O somatório dos encargos sociais e trabalhistas incide sobre os custos com mão de obra.
No caso do equipamento, consideram-se outros fatores apropriados, como rendimento, ociosidade etc. Não são considerados no cálculo do BDI.
Custos indiretos
São aqueles que não podem ser atribuídos diretamente aos insumos aplicados. São consequência da realização dos serviços. Por isso mesmo, são parte do custo real do empreendimento.
Enquanto os custos diretos podem ser atribuídos diretamente às unidades ou partes de serviços, os custos indiretos são diferentes. Estes, em geral, são mais facilmente atribuídos a agrupamentos de serviços. É o caso, por exemplo, de uma estrutura de concreto ou, mesmo, uma obra completa.
São exemplos de custos indiretos: instalação do canteiro de obras, custos com a administração local, aluguel da sede da empresa, mobilização e desmobilização do canteiro, seguros e despesas tributárias. Estes são considerados no BDI.
O que é BDI na construção civil?
O termo BDI é originário do inglês Budget Difference Income, que no Brasil foi traduzido como Benefícios e Despesas Indiretas.
Alguns órgãos da administração pública federal preferem usar a sigla LDI, significando Lucros e Despesas Indiretas, em substituição ao BDI.
No cálculo do preço final, o BDI é um componente que é acrescido aos custos diretos. Por isso, ele deve cobrir todas as despesas do projeto, incluindo o lucro almejado.
Os elementos necessários no cálculo do BDI são os seguintes:
- Administração central (AC) – Refere-se às despesas com a estrutura administrativa da empresa, como aluguel, recursos humanos, serviços de telecomunicações etc. Vale destacar que compor a taxa de administração central não é tarefa simples. Ela depende dos gastos de cada empresa que são variáveis em função do seu porte e dos seus contratos.
- Custo financeiro (CF) – É uma estimativa do quanto o capital investido na obra renderia caso estivesse aplicado no mercado financeiro;
- Seguros (S) – É o percentual sobre o total da obra, que deve ser reservado como seguro básico;
- Garantias (G) – Taxa de caução, seguro-garantia, fiança bancária ou títulos da dívida pública;
- Margem de incerteza (MI) – Refere-se às despesas com imprevistos não cobertos por seguros. Geralmente varia de 5% a 10%;
- Tributos municipais (TM) – É o caso do ISS;
- Tributos estaduais (TE) – ICMS, por exemplo;
- Tributos federais (TF) – PIS, COFINS, IRPJ, CSLL e INSS;
- Margem bruta de contribuição (MBC) – É a lucratividade prevista para o projeto.
Assim, antes de iniciar a composição de preço, é necessário relacionar todos esses componentes.
O percentual do BDI tem que ser calculado, sempre, de maneira técnica e de acordo com o que determina as melhores práticas da Engenharia de Custos.
Por que o BDI é importante?
O BDI somente pode ser calculado depois de se obter o custo direto total e a despesa indireta total. No entanto, essa operação matemática depende de uma série de variáveis como:
- Tipo de obra;
- Valor do contrato;
- Prazo de execução;Volume de faturamento da empresa;
- Local de execução da obra, entre outros fatores.
A consistência nos cálculos do BDI é fundamental para a construção civil. Afinal, este cálculo é fundamental para se chegar a um preço de venda sustentável. Ou seja, que esteja dentro de uma faixa que cubra os custos, dê lucro para a empresa e seja socialmente justo.
Não custa lembrar que o cálculo impreciso do BDI prejudica a lucratividade da construtora. Assim, há casos de empresas que, por conta do BDI, ganha a obra e, depois, tenta negociar aditivos com o contratante.
Da mesma forma, o BDI impacta o preço final de venda. Assim, se for muito elevado, pode significar perda de competitividade da construtora no mercado.
Em função de tudo isso, é importante que se adote uma metodologia de cálculo adequada. Além disso, os valores para as variáveis que compõem o BDI devem ser selecionadas de maneira tecnicamente correta e bem justificada.
Assim, o BDI é importante para empresas à medida em que garante um bom custo global e cobre as despesas da administração central, os custos financeiros, os impostos, os seguros, etc.
Como calcular o BDI?
Há várias formas de calcular BDI na construção civil. Da mesma forma, não existe lei ou norma que estabeleça uma diretriz compulsória a ser seguida na formulação do índice.
O Instituto Brasileiro de Engenharia de Custos (Ibec), com base em consenso internacional, sugere a seguinte fórmula para calcular o BDI de serviços para uma empresa contratante. A fórmula para uma empresa contratada é a mesma, mas sem levar em conta a Margem de Incerteza ou MI.
Fonte: buildin.com.br