Dessa forma, pensar em habitações que sejam evolutivas e adaptáveis é um dos grandes desafios para os arquitetos na atualidade.
Transformar construções pré existentes é uma atividade desafiadora, custosa e pode ser penosa em muitos momentos. Ainda assim, com o passar dos anos, as configurações familiares tendem a mudar, evoluir, bem como suas necessidades rotineiras e espaciais, de modo que as reformas acabam sendo imprescindíveis para acompanhar essa evolução. Ao longo de 2020, 2021 e 2022, por exemplo, pudemos vivenciar mais vividamente a necessidade de adaptações domésticas devido a pandemia de COVID-19, seja para a adaptação de um escritório em casa por conta da quarentena, seja ainda para receber os sobreviventes da COVID com alguma sequela.
Essas transformações, porém, não se restringem à questões de saúde. Ao longo dos anos as famílias tendem a ir se transformando, somando e subtraindo pessoas de seu convívio diário, formando barreiras físicas que precisam ser ultrapassadas e trocando seus interesses de acordo com a etapa de vida. Daniel Amaro Caetano entende a arquitetura habitacional enquanto “organismo” aberto à mudança e consequentemente adaptável a uma maior diversidade sócio-cultural e mais duradoura, compreendendo a habitação evolutiva enquanto uma construção que permite alterar os usos dentro dela, ocupá-la de maneira variada ao longo do tempo, “transformá-la” em função das necessidades atuais ou futuras dos utilizadores.
A nova arquitetura habitacional precisa ser evolutiva, isso é, adaptável às diferentes necessidades e aos diferentes momentos da vida das famílias. Isso envolve dois fatores fundamentais: a acessibilidade universal e a técnica construtiva. Primeiramente, projetar plantas que sejam totalmente acessíveis significa garantir que pessoas de todos os tipos de corpos possam circular livremente dentro das unidades, sem diferenciar rotas acessíveis ou unidades especiais. Além disso, buscando reformas que sejam, ao mesmo tempo, mais limpas e rápidas e menos trabalhosas e custosas, é fundamental considerar na concepção estrutural um projeto que contemple essas necessidades, e que possa apresentar múltiplas configurações dentro do mesmo espaço.
Mas, afinal, no que isso se diferencia daquilo que têm sido produzido pela construção civil atualmente? Compreender as habitações unifamiliares enquanto uma estrutura duradoura não significa somente construí-las em materiais de alta resistência, durabilidade e baixa manutenção, possibilitando transformações limitadas, mas também considerar as habitações enquanto construções flexíveis, que permitam estratégias para repensar conceitualmente a casa, incorporando a ideia de habitar como processo contínuo, vivo, evolutivo, em oposição à ideia da construção enquanto produto acabado e solidificado.
Fonte: Archdaily Brasil