Os designers dinamarqueses decifraram o código para construir cidades mais felizes, deixando muitos modelos a serem aprendidos.
A felicidade é um sentimento que resulta de prazer, atividade e companheirismo. O psicólogo de Harvard, Daniel Gilbert, sugere que a felicidade é governada por três decisões na vida: onde viver, o que fazer e com quem. A primeira pergunta destaca o impacto do ambiente físico em nosso contentamento e bem-estar. Arquitetonicamente, Copenhague deve estar fazendo alguma coisa certa para ganhar sua coroa de “cidade feliz”.
A filosofia de design dinamarquesa pode ser resumida por uma palavra nativa hygge que se traduz em algo como “uma atmosfera que cultiva conforto, contentamento e bem-estar”. A arquitetura e os espaços urbanos de Copenhague incorporam visivelmente essa filosofia ao apoiar brincadeiras, atividades e recreação urbanas. Os projetos do arquiteto dinamarquês Bjarke Ingles são norteados por uma busca pelo hedonismo, colocando o prazer no centro de seu trabalho. O célebre designer urbano dinamarquês Jan Gehl insiste em construir cidades para fazer as pessoas felizes, ao invés de automóveis. Além de playgrounds, Copenhague possui vários centros sociais focados em recreação multigeracional.
As oportunidades de diversão estão enredadas na cidade por meio de espaços públicos lúdicos e intervenções urbanas pensadas para surpreender. Muitos exemplos demonstram como Copenhague prioriza a alegria, tornando a vida urbana imaginativa e surpreendente:
CopenHill: Atividade física
A CopenHill é um exemplo perfeito da ideologia de Bjarkle Ingles chamada Sustentabilidade Hedonista. O projeto reimagina uma usina de resíduos como um espaço para esportes e brincadeiras. Um parque urbano no terraço cobre o edifício industrial com uma pista de esqui, uma trilha exuberante e uma parede de escalada. O espaço conta ainda com bar e academia de CrossFit com uma vista magnífica da cidade.
O projeto transforma as noções de lixo e poluição em uma experiência positiva, convidando os fãs de recreação a um bairro industrial proeminente. Por seu programa e seu tamanho, o CopenHill se estende como um componente vívido de Copenhague, um marco único na cidade de terreno plano.
Harbor Bath: Biofilia
O Harbour Bath é um espaço urbano acessível que forma o coração cultural e social de Copenhague. Transformando um porto industrial em uma praça da cidade, a piscina pública evoca um clima de praia e serve como extensão de um parque próximo, além do porto. O projeto destina-se ao lazer, exercício e convívio, oferecendo às pessoas um local para nadar, tomar sol ou desfrutar da vista da cidade.
Projetado pela BIG e JDS, o Harbour Bath se concentra em acessibilidade, segurança e flexibilidade programática. Uma estação de salva-vidas está posicionada ao centro para permitir a supervisão de todas as zonas o tempo todo. As piscinas são artisticamente destacadas do deck, e degraus em ângulo agudo pontuam o espaço para convidar a brincadeiras exploratórias. Por meio do projeto, Copenhague prioriza os nós de interação biofílica na cidade, aumentando assim o bem-estar de seus cidadãos.
Park ‘n’ Play: Relações intergeracionais
Com uma solução de design semelhante à da CopenHill, a JAJA Architects transformou uma estrutura de estacionamento em um espaço público vibrante. O edifício dispõe de um parque infantil totalmente equipado na cobertura onde crianças e adultos podem desfrutar de um ambiente alegre. Contestando a ideia de estruturas monofuncionais, o projeto atrai as pessoas para a cobertura por meio de uma escada externa. À medida que se sobe, o corrimão se transforma em balanços e trepa-trepa, borrando os limites entre função e diversão. O Park ‘n’ Play tem um apelo intergeracional, convidando pessoas de todas as idades para o terraço ativo.
Superkilen Park: Igualdade
O Superkilen Park emprega recreação e brincadeiras com sucesso como um agente de ligação para uma comunidade etnicamente diversificada. Localizado no bairro mais socialmente desafiado de Copenhague, o espaço urbano de 800 metros de extensão incorpora objetos de 60 nações diferentes para conceber uma identidade coletiva. O projeto é uma colaboração entre Topotek 1, BIG Architects e Superflex, que fundiram seus conhecimentos em arquitetura, paisagismo e arte.
A brincadeira – uma condição em que as mesmas regras se aplicam a todos – facilita a integração de pessoas diferentes em um terreno equitativo. Uma rede de áreas de lazer promove a interação entre as crianças e seus responsáveis nas comunidades espalhadas pelo bairro. As peças culturais espalhadas pela estrutura urbana são deixadas em aberto para interpretação, possibilitando brincadeiras criativas e movimentos espontâneos.
Mirror House: Descoberta
A empresa dinamarquesa-americana MLRP projetou um grande gesto de alegria no Playground Interativo de Copenhagen. Transformando um prédio todo pichado, a instalação foi redesenhada para receber aulas de jardim de infância no bairro. Crianças e transeuntes são surpreendidos por um grande espelho de casinha de diversões na fachada, trazendo senso de humor para o dia a dia. A estrutura do telhado de duas águas distorce as perspectivas e os reflexos de seu parque, playground e atividades ao redor. O edifício atrai constantemente as pessoas, especialmente as crianças, que descobrem uma nova imagem a cada interação.
Através desses exemplos, fica claro que junto com a arquitetura, algo mais profundo provoca uma sensação de felicidade. A alegria é encontrada compartilhando experiências e espaços com os outros, celebrando coletivamente a espontaneidade e as maravilhas da vida humana. O poder do ambiente construído para provocar uma resposta emocional das pessoas é impactante, e o design é uma ferramenta para inspirar o espírito humano. Copenhagen demonstra que a arquitetura em combinações harmoniosas pode criar belas experiências que se traduzem em felicidade.
Fonte: Archdialy