Esgotos residenciais: Você já parou para pensar sobre a destinação dos efluentes gerados em sua casa? A não ser que você tenha tido problemas com seus dispositivos privados ou com a coleta/tratamento público muito provavelmente a resposta será negativa. Uma unidade residencial convencional gera, em consequência das atividades cotidianas como banho, descargas ou limpeza em geral, um volume de águas residuais popularmente chamadas de esgotos.
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Esses dejetos não são compostos de água em sua forma pura e original, mas sim de água contaminada por resíduos e agentes patológicos diversos.

Nessa conjuntura, a coleta e tratamento dos esgotos domésticos está diretamente associada à saúde pública e também à preservação ambiental.

A contaminação de solos e águas por efluentes domésticos, além do risco direto a flora e aos corpos hídricos, também pode acarretar a proliferação de doenças variadas. Isso pode ocorrer em função do consumo das águas contaminadas, de modo direto ou ainda, por meio de alimentos em virtude de seu emprego para irrigação. O contato direto com o solo e hídricos alterados também é prejudicial.

Sendo o esgoto doméstico gerado a partir do consumo da água de abastecimento, nossos hábitos de consumo e os dos demais moradores de uma residência é o que define o volume de contribuição a rede pública ou sistema privado. Somos inquestionavelmente responsáveis.

Os dimensionamentos usuais, inclusive, são feitos com base num dado valor de contribuição na forma de “litros, por pessoa, por dia”. A NBR 13969  prevê valores entre 100l e 160l de esgoto, por pessoa, por dia, conforme o padrão residencial.

Os esgotos podem ser enquadrados em três grandes grupos de acordo com a sua origem, sendo divididos em: industriais, pluviais e domésticos.

Atualmente, apenas 43% dos esgotos nacionais são coletados e tratados coletivamente, enquanto 12% apresentam alguma solução individual. 18% são coletados, mas não tratados e 27% não são coletados e nem tratados.

Ficou curioso para saber a situação do seu município/estado? Dados específicos, além de informações nacionais, podem ser obtidos por meio do Atlas Água e Esgoto desenvolvido pela Agência Nacional de Águas (ANA). O Atlas está disponível também na forma de aplicativo compatível com Androide e IOS e com download gratuito.

 

Soluções convencionais de tratamento de esgoto

No que se refere ao tratamento coletivo, temos:

  • Estações de Tratamento de Esgoto (ETE’S): Os esgotos domésticos são conduzidos por meio de tubulações particulares até coletores públicos que os encaminham a centrais de tratamentos conhecidas como ETE’s. Nas Estações ocorre a descontaminação com posterior destinação da água tratada a um receptor tal como rio ou mar.

As soluções individuais não são necessariamente caras ou ocupam grandes espaços territoriais.

Quanto aos sistemas individuais de tratamento, temos:

  • Sistema Tanque Séptico – Filtro Anaeróbio – Sumidouro/Vala de infiltração: Esses três elementos promovem, respectivamente, a coleta, tratamento e condução da água tratada ao solo.

A fossa séptica, unidade inicial e estanque, atua recebendo os efluentes contaminados e promovendo a separação da parte líquida da sólida por decantação, com posterior decomposição;

O filtro anaeróbio é a unidade secundária, de fluxo ascendente, que promove a filtragem (descontaminação) dos esgotos por meio de elementos naturais como brita;

O sumidouro e as valas de infiltração diferem quanto ao formato, mas ambos destinam-se à condução do efluente já tratado ao solo.

Os tratamentos da água para descontaminação e posterior destinação podem envolver processos químicos, físicos e biológicos.

Soluções sustentáveis de tratamento de esgoto

Nos últimos anos, sistemas diferentes dos tradicionais acima mencionados vem ganhando força e se difundindo pelo país. São as wetlands e fossas verdes, alternativas sustentáveis que se assemelham quanto a utilização de vegetação natural no processo.

  • Wetlands: Também conhecido como sistema alagado construído, é composto por um tanque estanque de pequena profundidade que abriga plantas aquáticas. Essas plantas atuam ativamente na remoção dos contaminantes existentes nos efluentes. Além das plantas, os tanques também podem ser preenchidos com brita, areia e outros materiais filtrantes em seu interior.

Quando destinado ao tratamento de esgotos domésticos, deve receber apenas as águas cinzas. As águas negras (de vaso sanitário) só devem sem encaminhadas após tratamento prévio, em tanque séptico, por exemplo.

Pode ser utilizado como sistema privativo unifamiliar ou mesmo coletivo.

  • Fossas Verdes: Também conhecidas como bacias de evapotranspiração são formadas por tanque impermeabilizado preenchido por material filtrante (entulho, brita, areia, etc.), solo e plantas, na camada mais superficial. As plantas são preferencialmente as bananeiras que atuam no consumo dos nutrientes dos esgotos e na transpiração da água.

Outras plantas que consumam grande quantidade de água e tenham folhas largas para transpiração também podem ser usadas.

Destinadas ao tratamento de esgotos domésticos, deve receber apenas as águas negras (de vaso sanitário). Não necessita de tubulação de saída, pois toda água é evaporada pelo solo ou transpirada pelas bananeiras através do fluxo ascendente dos esgotos.

Podem ser utilizadas como sistema privativo unifamiliar.

Como podemos contribuir?

E como eu e você podemos contribuir para melhorar o atual panorama nacional quanto ao tratamento de esgotos? Abaixo algumas soluções eficientes:

  • Promover sistemas individuais de tratamento quando a coleta pública não é oferecida;
  • Prever, nos projetos hidrossanitários, sistemas de reuso de água;
  • Quando em sistemas públicos, fazer a correta ligação das tubulações privadas na rede;
  • Não encaminhar esgotos pluviais juntos aos domésticos para não acarretar sobrecarga aos elementos/ estações de tratamento;
  • Reutilizar as chamadas águas cinzas, provenientes de banho, para limpezas cabíveis.

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