Depois de constatar uma enorme ineficiência e desarticulação em seus processos de projeto – trabalhando separadamente no desenho, no modelo e na documentação –, o escritório de arquitetura David Miller Architects (DMA) decidiu, em 2008, entrar de cabeça no mundo BIM (Building Information Modeling).
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Apesar do sucesso desta empreitada, esta experiência fez com que eles aprendessem uma série de lições que todos os arquitetos deveriam considerar na hora de tomar uma decisão como esta.

Conversamos pessoalmente com o arquiteto britânico durante a sua participação na conferência “Por que implementar o BIM em seu escritório até 2020″ realizada em Junho de 2018 na cidade de Santiago no Chile. O seminário foi organizado pela Planbim com apoio da Corfo, identificando sete pontos fundamentais que podem facilitar a implementação desta tecnologia em um escritório de arquitetura. Saiba mais à seguir.

1. Quanto menor seu escritório, mais fácil a implementação do BIM

Segundo David Miller, implementar a tecnologia BIM em seu escritório tem pouco a ver com o sofware em si, e mais com uma mudança na forma de trabalhar. Por isso, é muito mais fácil gerir este processo em um grupo menor:
Nossa equipe era muito jovem. Estávamos todos em uma zona de conforto com as tecnologias que utilizávamos e com a nossa forma de trabalhar. Ao longo dos últimos dez anos esta mesma equipe foi capaz de desenvolver múltiplas outras habilidades e conhecimentos sem deixar de fazer aquilo que já sabíamos, tudo devido a implantação do BIM em nosso escritório”.

2. Esteja consciente de que este é um processo que ocorre em etapas

Quando se inicia a implantação de um sistema BIM, Miller explica que é normal passar por uma série de etapas de “amadurecimento”. A primeira fase é aquela que chamamos de “solitária” (onde apenas o seu escritório está utilizando o sistema BIM enquanto que todas as outras empresas com as quais você trabalha ainda não migraram para o sistema). A seguir passamos pela fase “informal” (quando o BIM já foi implementado de maneira informal mas não oficial), e a última etapa ou etapa “contratual” (na qual a utilização do BIM é obrigatória em pelo menos 60% dos projetos do escritório). Em cada uma destas etapas é possível ver resultados imediatos na eficiência do escritório, aumentando exponencialmente a medida que os custos diminuem.

3. Transforme seu ambiente de trabalho

É fundamental adaptar o ambiente de trabalho para um sistema mais colaborativo, é extremamente necessário compartilhar dados e informações com facilidade para que seja possível projetar de forma mais rápida e eficiente, em paralelo e simultaneamente. Para isso o espaço de trabalho precisa estar integrado e orientado para uma melhor comunicação entre as pessoas.
As tecnologias BIM permitem delegar mais responsabilidades para cada um dos projetistas, permitindo que eles tenham mais confiança em seu trabalho e possam crescer dentro da empresa. Isto também é importantíssimo para o seu negócio; seus colaboradores provavelmente tenderão a permanecer mais tempo com
você enquanto se constrói um melhor ambiente de trabalho para todos.”

4. Invista em treinamento e ferramentas

Segundo a experiência de Miller, o investimento para a implementação do sistema BIM em seu escritório pode ser dividido em: hardware (20%), software (30%) e treinamento do pessoal (50%). Este custo humano não se refere apenas a formação em si, mas também para manter o colaborador trabalhando em seu escritório.
A metade do investimento global com o pessoal se refere ao treinamento. É importante construir uma relação de confiança com a sua equipe. É difícil encontrar bons profissionais, e por isso é importante treiná-los e desenvolver estratégias para que eles possam permanecer e crescer dentro da sua empresa.”

 

5. Não crie restrições quanto ao tamanho dos projetos: BIM pode funcionar em qualquer escala

Não são necessários grandes contratos para que seu escritório passe a utilizar a tecnologia BIM, tampouco ela deve ser utilizada apenas em projetos “que partam do zero”.
““Descobrimos na prática, que o BIM funciona incrivelmente bem em projetos de reforma ou restauro, e que o tamanho da obra não é nenhum problema. Procuramos utilizar a mesma abordagem seja em projetos de pequeno, médio ou grande porte. Trata-se simplesmente de implementar os processos corretos para que se possa trabalhar da melhor forma.”

6.  Utilize um mesmo padrão de informações para cada etapa do projeto

A partir da minha experiência prévia, recomendo a utilização de um único manual BIM (ou, pelo menos, que se sigam sempre as mesmas regras). É importante coordenar o sistema de trabalho para garantir um mesmo padrão de informações necessárias para cada etapa do projeto. Em nosso escritório, seguimos o padrão oficial do Reino Unido, incorporando as normas e legislações locais específicas.

7. Utilizar BIM não é necessariamente um problema para a nossa criatividade

No escritório de Miller, os arquitetos criam distintas bibliotecas organizadas por tipologias e também segundo uma modularidade que pode ser adaptada para cada caso específico. É necessário incorporar uma certa flexibilidade em cada elemento para que seja possível adaptar este mesmo modelo para diferentes projetos. Assim, projetando elementos modulares é possível gerar distintas tipologias facilmente adaptáveis a cada projeto específico, ainda que possam incorporar os mesmos detalhes e informações complementares:

Fonte: Archdaily.